Ser mãe ou pai solteiro é tentar dar conta de tudo, todos os dias, muitas vezes sem apoio.
Trabalho, filhos, decisões, responsabilidades, tudo nas mesmas mãos.
E no meio disso tudo, o tempo para si próprio vai desaparecendo.
Há uma solidão que, apesar de poder ser pouco visível, pesa.
A investigação na área da parentalidade tem destacado as experiências que as mães e pais solteiros enfrentam, destacando-se os desafios emocionais e sociais que enfrentam. Fatores psicológicos, falta de apoio social, perda da identidade e falta de autocuidado são algumas das dimensões que mais são impactadas com esta realidade.
Por um lado, verifica-se uma acrescida sobrecarga e pressão mental associada a altos níveis de stress. Estes pais são responsáveis muitas vezes por, de forma exclusiva, providenciar financeiramente a família, tomar decisões parentais importantes, ser o suporte emocional dos filhos. Neste sentido, investigações como a de Cairney et al. (2003) afirmaram que mães solteiras têm maior prevalência de depressão e ansiedade, por comparação com mães casadas.
Por outro lado, a literatura indica que o suporte social é um dos maiores fatores de proteção face a problemas emocionais nesta população. Nestes casos, a rede de apoio, em muitos casos, é reduzida ou até inexistente, isto associa-se muitas vezes a sentimentos de solidão, falta de atividades sociais e até receio de pedirem ajuda, por medo de julgamento.
Face a todos estes desafios, e ao pouco tempo que têm, é possível surgir um sentimento de perda de identidade, que parece dissolver o eu individual. Muitos pais e mães acabam por deixar hobbies, a vida social e até a carreira em segundo plano, o que muitas vezes origina sentimentos de vazio, frustração e até sintomatologia depressiva. Este fenómeno, apesar de poder estar presente em famílias biparentais, ou em co-parentalidade, é ainda mais exacerbado em casos de famílias monoparentais.
É essencial que estes pais tenham tempo para si, para pedir ajuda, pois com o suporte adequado é possível recuperar o autocuidado, promover estratégias adaptativas e aumentar a qualidade de vida de toda a família.