Luto significa perda, e o luto é uma certeza na vida. Todos nós vivemos perdas, do início ao fim da nossa vida. Numerosas perdas que vamos vivendo de forma completamente única, porque cada uma delas terá um impacto diferente em nós.
Mas quando falamos de luto estamos a falar necessariamente de morte? Apesar de estarmos habituados a associar o luto à perda de alguém que partiu fisicamente, o luto está relacionado com qualquer perda importante: a morte de alguém, a perda de um emprego, de uma relação, de um animal de estimação, de um sonho…
O luto é o processo pelo qual passamos ao lidar com essa perda e com as mudanças que com ela surgem. É o processo através do qual nos restabelecemos após esse momento.
O luto é um processo complexo, único e dinâmico, relacionado e influenciado por diversas variáveis. Portanto, nenhum luto é igual ao outro. Por outro lado, as pessoas vivem o luto de formas bastante diferentes também, dependendo das suas próprias características e recursos.
Luto normal e complicado
Tal como referi atrás, este processo dá-se quando ocorre uma perda significativa na nossa vida, adaptando a pessoa a uma nova realidade onde aquilo que foi perdido já não faz parte.
Estamos perante um processo de luto saudável quando a perda acaba por ser aceite e a pessoa mantém a capacidade de continuar o seu normal funcionamento, quando o sofrimento vai diminuindo progressivamente com o passar do tempo. Diz respeito a uma recuperação e aceitação da perda, acompanhada de um retorno ao nível de funcionamento anterior, com as nuances necessárias.
Um luto complicado ou patológico, está relacionado com um sofrimento que não diminui progressivamente com o tempo, em que, por mais que os meses passem, a dor e e as sensações iniciais continuam intensas. Essas reações emocionais vêm normalmente acompanhadas de outros problemas tal como o cansaço, a raiva, a culpa, a negação.
Lidar com a perda e favorecer um luto saudável
A regra número um do luto: aceitar as emoções e senti-las, por mais desconfortáveis que sejam. Todos os esforços para evitar e suprimir a dor causada pela perda irão prolongar e prejudicar o processo de luto.
Não nos podemos esquecer, e eu não me canso de dizer: “NÃO HÁ EMOÇÕES NEGATIVAS”. Há emoções agradáveis e desagradáveis, no entanto, se as emoções estão a surgir, é porque têm uma razão para surgir, e devem ser sentidas. Perante uma perda, a dor, o sofrimento, a tristeza, o choque, a ansiedade, a saudade, a solidão…, são completamente saudáveis e normais, assim como as reações a elas associadas, como o choro ou o nó na garganta.
Se está a passar por um processo de luto, não se esqueça disto. Tente reconhecer o que pensa e sente, ouça os sinais que o seu corpo lhe envia e não os tente ignorar. Não ouça os conselhos de quem lhe diz para estar bem ou não chorar. Sinta as emoções e deixe que elas aflorem em si de forma livre. Sofra e chore a sua perda, deixe a ferida sarar ao seu ritmo. E um dia, vai perceber que ela deixou de doer.