O cuidador informal

O cuidador informal é habitualmente um familiar ou amigo que assume a responsabilidade de cuidar de uma pessoa dependente, assumindo responsabilidades nos cuidados das atividades de vida diária da pessoa dependente, muitas das vezes sem nenhum apoio e capacitação. Esta dependência pode ser causada por vários fatores tais como, a idade avançada, uma deficiência, uma doença ou outra.

Cuidar de alguém pode ser uma missão bonita, mas também profundamente exigente. Quando passamos o dia inteiro a atender às necessidades dos outros, muitas vezes acabamos por ignorar ou deixar para depois as nossas próprias necessidades, fazendo com que o cansaço e a exaustão se acumulem. No decorrer desta experiência, o cuidador informal passa por inúmeros desafios físicos, sociais e emocionais envolvidos no ato de cuidar. É normal sentir-se cansado e esgotado, e muitas vezes culpado por querer parar um pouco. Esta é uma tarefa exigente do ponto de vista emocional e físico, que implica um enorme ajustamento pessoal e por vezes um cansaço extremo. Se por um lado cuidar de um familiar ou amigo nos pode trazer uma grande satisfação e gratificação, por outro lado também nos pode trazer dor, cansaço, medo e perda.

O facto de sentir que tem de estar sempre disponível e a dar sempre conta de tudo leva-nos, frequentemente a sentirmo-nos culpados por querermos fazer algumas pausas ou descansar um pouco. É muito comum surgirem sentimentos de culpa associados a esta experiência, bem como sentimentos de que não podemos descurar desta responsabilidade. O que sentimos pela pessoa que estamos a cuidar pode levar-nos também a sentir que temos a obrigação de fazer aquilo, por tudo o que vivemos com esta pessoa e pela ligação/afeto que lhe temos.  No entanto, quando nos sentimos sobrecarregados e isto se prolonga durante um tempo, a probabilidade de estarmos menos “capazes” para assumir estas responsabilidades é alta. A execução de cuidados pode ficar comprometida, podendo até desencadear alguns erros, devido a redução na atenção devida na realização das tarefas. E por isso, é imprescindível que tente cuidar de si, que tente respeitar a sua própria necessidade para descansar e fazer pausas, protegendo assim, não só a sua saúde física como psicológica.

Poderá estar a perguntar-se: como é que pode tentar gerir o seu tempo para não sentir que está a falhar às suas responsabilidades e ao mesmo tempo conseguir cuidar de si. E por isso, apresento-lhe em seguida algumas estratégias que pode adotar no seu dia-a-dia que o/a podem ajudar:

  • Mantenha uma atitude calma, positiva e confiante em si próprio e nas suas capacidades para lidar com as exigências da situação;
  • Defina uma organização do dia-a-dia que lhe permita um equilíbrio entre as tarefas de cuidado, de lazer, de interação e de descanso;
  • Aproveite as horas de descanso da pessoa que está a cuidar para fazer algo que lhe seja prazeroso;
  • Procure criar uma rede de apoio para se poder revezar com alguém, nem que seja por um curto período de tempo;
  • Procure manter contacto com amigos, familiares e pessoas próximas.

Lembre-se, o autocuidado é muito importante para o/a ajudar a recarregar baterias para cuidar de alguém e para cuidar de si também. É um investimento que faz em si e no seu bem-estar. Lembre-se que procurar ajuda especializada pode ajudá-lo/a. Um psicólogo pode ajudá-lo/a.

blog sara cruz clínica

Sara Cruz

No nosso blog vai poder ler artigos escritos pelas nossas psicólogas sobre temas da atualidade e saúde mental.

Procurar

Você também pode gostar