A importância da relação terapêutica

Tem sido estudado que a qualidade da relação terapêutica influencia o desenvolvimento e o desfecho do processo terapêutico, da qual a componente mais relevante e mais estudada é a aliança terapêutica. Esta tem vindo a ser muito estudada, precisamente por ser uma componente tão importante, sendo o elemento comum a todas as orientações psicoterapêuticas. 

A aliança terapêutica é uma componente da relação entre terapeuta e cliente em psicoterapia. Pressupõe a existência de colaboração entre ambos, com base num contexto de confiança e constrói-se ao longo da terapia através de 3 processos: acordo mútuo face aos objetivosacordo mútuo face às tarefas e vínculo emocional positivo baseado na confiança, respeito e aceitação. 

A aliança terapêutica surgiu sobretudo no ramo psicanalítico, na qual se destaca o trabalho de Rogers e a teoria centrada na pessoa. Para Rogers, a capacidade do terapeuta para ser empático e congruente e de aceitar o cliente, não só é essencial como é suficiente para que existam ganhos terapêuticos. Mais tarde, outro autor sugere que a aliança terapêutica não é algo estático, mas sim dinâmico e propõe 2 tipos de aliança terapêutica: Tipo 1, típica do início da relação, baseada na experiência do cliente sobre o terapeuta como sendo alguém compreensivo, empático e apoiante e o Tipo 2, mais evidente no final do processo, que se baseia num sentimento de trabalho conjunto e numa partilha de responsabilidades na procura de atingir os objetivos. 

O papel da relação terapêutica passa, sobretudo por servir de modelo para as restantes relações da pessoa. O ser humano é um ser social, relacional e muitas das suas aprendizagens ocorrem no seio das relações. Quando as relações primárias foram disfuncionais, a pessoa provavelmente irá desenvolver padrões de funcionamento, comportamento e relacionamento também disfuncionais. A relação terapêutica proporciona uma nova oportunidade de aprendizagem através de um espaço seguro, de um ambiente de validação e compreensão, mas também através de desafio. 

Nem sempre é fácil encontrar esta relação no primeiro terapeuta com quem nos cruzamos e isso é perfeitamente normal, há que continuar a investir, refletindo naquilo que menos nos agradou para que possamos fazer uma seleção mais próxima daquilo que pretendemos. Além disso, tal como referido anteriormente, a aliança terapêutica é dinâmica, ou seja, vai sofrendo mudanças ao longo do tempo e podem surgir momentos em que ela se encontra mais robusta e outros em que, pelo contrário, está mais fragilizada. Neste sentido, quando o terapeuta tem algum comportamento que de alguma forma nos desagrada ou nos incomoda, podemos e devemos comunicá-lo, no sentido de haver espaço e oportunidade para a reconstrução da aliança. 

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Sara Cruz

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