Quando alguém nos pergunta se costumamos ver “o copo meio cheio ou meio vazio” podem estar a querer questionar-nos se temos uma visão mais optimista ou pessimista sobre a vida, mas será que se resume apenas a isso? Na verdade, é uma questão de perspectiva. A perspectiva é um elemento fundamental na nossa visão do mundo, caso contrário veríamos tudo apenas em duas dimensões.
Acontece que cada indivíduo interpreta a realidade à sua volta de forma idiossincrática. Um objecto ou acontecimento aparentemente concreto pode ter várias interpretações, consoante os sujeitos que sobre ele reflitam, Efetivamente, como Edmund Wilson, escritor americano, disse: “duas pessoas nunca leem o mesmo livro”. Esta interpretação é influenciada pela interação da herança genética, pelas nossas experiências anteriores, pelas aprendizagens que fizemos ao longo da vida e pelo ambiente.
A realidade é assim analisada com base em padrões previamente estabelecidos que constituem crenças sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o mundo e o futuro. São entendimentos enraizados, como uma espécie de verdade absoluta e estão na base do nosso processamento cognitivo, manifestando-se através dos nossos pensamentos. Muitas vezes estão tão enraizadas que podem à primeira vista ser difíceis de identificar. No entanto, são como óculos através dos quais vemos e analisamos o exterior. Sucede que, por vezes, estes óculos têm lentes coloridas e dão uma determinada tonalidade à realidade à nossa volta, ou podem ter uma graduação desatualizada e fazem com que não as vejamos de forma tão detalhada. O mesmo sucede com as nossas crenças, podem já não fazer sentido, podem ser rígidas e inflexíveis, acabando por nos causar sofrimento.
Através da terapia podemos desenvolver ferramentas que despoletam a mudança do sistema de crenças disfuncionais do paciente, para assim, permitir que o sujeito consiga criar alternativas adaptativas, pois quando o indivíduo modifica essa percepção cria uma vida mais realista, adaptativa e livre!